terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O farisaísmo e o rubricismo de que nos acusam e a verdade do evangelho

“As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Entre eles estão Himeneu e Fileto, que se desviaram da verdade dizendo que a ressurreição já aconteceu e transtornaram a fé em alguns. Contudo, o sólido fundamento de Deus se mantém firme, porque vem selado com estas palavras: O Senhor conhece os que são seus (Nm 16,5); e: Renuncie à iniquidade todo aquele que pronuncia o nome do Senhor (Is 26,13).”
II Timóteo 2, 17-19

Por conta do post que publicamos recentemente acerca daquilo que A IGREJA DIZ sobre as Missas de “cura e libertação”, fomos publicamente chamados de imbecis (por mais que o próprio Cristo Jesus nos proíba diretamente de dizer tal coisa a nossos irmãos; cf. São Mateus 5, 22). Ainda aos que não sabem, este que vos escreve serve como escravo ao Altar de Cristo, e por ser definitivamente fiel à Roma e ao nosso Arcebispo, disseram-nos que deveríamos nos envergonhar e abandonar o ministério extraordinário do acolitato ao qual Jesus nos chamou.

Longe de ser de nosso interesse prolongar este tema, gostaríamos de usá-lo como ponto de partida para este post uma vez que tal posicionamento em tudo se relaciona com aquilo que o título deste post se propõe a descrever. Afinal estão errados aqueles que posicionam-se imutavelmente à favor do Sagrado Magistério, da Palavra de Deus e da Santa Tradição de sempre e os defendem como nos pede o Senhor?

“[…] Sê fiel até a morte e te darei a coroa da vida.”
Apocalipse 2, 10

De certo que muitas de nossas posturas podem parecer anacrônicas, velhas, carcomidas, mas é isto que Deus nos pede! Muitos dos que comparam estas nossas posturas àquelas dos fariseus – cujo fervor à rubrica tornavam a lei estéril – não reconhecem no Evangelho o vigor da Lei que Cristo tornou perfeita por ser ele mesmo o Grande Legislador. Jesus afirmou com toda a sua autoridade que não veio ao mundo para abolir a lei ou os profetas, mas veio para com a Sua Palavra edificante e o seu Preciosíssimo Sangue apagar a mácula do pecado original e imprimir em nossa alma, no lugar do pecado, a totalidade da lei (cf. São Mateus 5, 17).

Por tanto, é da natureza do catolicismo ser não só uma “Religião do Livro” (ou dos livros), mas um povo de leis e preceitos. Preceitos estes que recebemos pela inspiração do Paráclito que o Senhor enviou sobre nós:

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.”
São João 14, 26

Uma vez que estas leis nos foram dadas pelo próprio Deus, que nos ensinou todas as coisas enquanto seu povo e que também depositou em Pedro a autoridade máxima sobre a Igreja e seus fiéis, devemos respeitá-las como Vontade de Deus que são. Sem condições, vontades nossas ou caprichos.  A Palavra nos alerta que não devemos nos desviar do ensinamento dos Apóstolos e seus sucessores (nossos Bispos):

“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa.”
II Tessalonicenses 2, 15

Não pela tradição ou pela lei em si, mas segundo São Pedro, guardião da fé Católica e ponto de união entre a Igreja Militante e a Igreja Celeste, que nos ensinou que:

“Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado.”
II São Pedro 2, 1s

Por tanto, não há em nosso comportamento vestígio de farisaísmo acusador ou rubricismo. Há no entanto, um carinhoso amor pela lei que Deus nos deixou e pelo ensinamento que nos deu por meio de seu Espírito Santo. Por isso, queremos responder de uma só vez a pergunta que nos fizeram (“e a fé do povo, onde fica?”), com o ensinamento dos Veneráveis, Beatos e Santos de Deus, homens e mulheres justos que em tudo foram fiéis a Deus:

Venerável Papa Pio XII, Carta Encíclica “Mediator Dei”, 1947

“[…] Nós assinalamos, não sem preocupação nem sem temor, que alguns são excessivamente ávidos de novidade e se transviam fora dos caminhos da sã doutrina e da prudência. Porque, querendo e desejando renovar a santa Liturgia, eles promovem, muitas vezes, a intervenção de princípios que, em teoria ou na prática, comprometem esta santa causa e, às vezes até as mancham com erros que afetam a fé católica e a doutrina ascética.

A pureza da fé e da moral deve ser a regra principal desta ciência sagrada que é preciso conformar em todos os pontos aos mais sábios ensinamentos da Igreja. É, portanto, Nosso dever louvar e aprovar tudo aquilo que é bom e conter ou censurar tudo aquilo que se desvia do caminho justo e verdadeiro […]”

Venerável Papa Pio XII, Discurso do dia 31 de maio de 1954

“[…] Existem hoje alguns, assim como nos tempos apostólicos, que se apegam mais do que convém às “novidades” no temor de passar por ignorantes de tudo o que arrasta um século de progressos científicos: constata-se, então, que eles, na sua pretensão de se subtrair da direção do Magistério sagrado, se vêm em grande perigo de se afastar pouco a pouco da verdade divinamente revelada e de induzir outros a irem com eles ao erro. – As “novas opiniões”, quer se inspirem elas em desejo condenável de “novidades”, quer em qualquer louvável razão […]”

Queremos lembrar ainda, antes de citar o amabilíssimo São Pio X, que uma vez que muitas destas “novidades” que buscam inserir na Tradição da Igreja para sobrepujá-la ou reformá-la, desejam apenas criar uma nova “teologia do arrepio”, modernista, que reduz o culto divino e a relação do homem com Deus à uma reles troca de favores sensoriais nas quais eu só fico feliz se “me sentir ()”. Sinta-se à vontade para inserir qualquer coisa dentro destes parênteses. E sobre essa doutrina modernista nos alerta o santo:

São Pio X, Carta Encíclica “Pascendi Domini Gregis”, 1907

“[…] Por força desta doutrina, a razão humana fica inteiramente reduzida à consideração dos fenômenos, isto é, só das coisas perceptíveis e pelo modo como são perceptíveis; nem tem ela direito nem aptidão para transpor estes limites…”

Retornai pois, irmãos todos, à Verdade do Evangelho que é Cristo Jesus.
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