quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Relações entre Ciências Ocultas e Ortodoxas

O avanço nos estudos da Senda nos trazem certos questionamentos e percepções. Talvez a mais comum em tempos de avanços tecnológicos constantes seja a de que há uma relação a ser construída entre a Ciências Ortodoxas e as Ciências Ocultas.

Na ciência oculta, se algo pode ser feito, será. O proselitismo e o dinheiro não tocam (ou não deveriam tocar) os domínios das ciências arcanas e não influem (ao menos diretamente) em seu fluxo.

Total inverso da ciência ortodoxa. Materialista por natureza, método e fundação, é também controlada pelo material. Vejamos bem:

Se um Iniciado descobre que algo pode ser feito, e compreende a natureza (tanto do feito quanto do algo) irá documentá-lo e, com sorte, conseguirá instruir ao menos um irmão de forma que o conhecimento se perpetue. Nas ciências ocultas não há PROPRIEDADE, ao contrário das ciências materiais. Existem sim, prioridades. E entre elas nada consta acerca do materialismo.

Isso não quer dizer, no entanto, que as ciências ocultas não se ocupam do material. Ao contrário! As ações operativas que alteram o plano físico são tão comuns quanto as ações meditativas que alteram os planos internos. No entanto, o foco do estudo oculto não se localiza na matéria, mas para além dela. Na verdade, muito além. As operações, feitas acima da concretude da matéria, atuam nela por associação de forças que, em geral, estão muito acima do puro magnetismo proposto por certos Irmãos.

A ciência ortodoxa, em sua materialidade expressa e gritante, atua diretamente sob o julgo do materialismo, atuando no mundo físico como ente participante da construção da realidade. A ciência mundana é fria, mas não desumana, refletindo o homem em sua natureza inferior. Sua natureza material permite que adentre campos onde as ações operativas das Artes Superiores dificilmente alcançam. Estes mesmo campos são alcançados pelo poder material e pelo dinheiro.

Isto é deveras interessante pois expõe aos nossos olhos o véu mais difícil de transpor: o véu da materialidade. A ciência ortodoxa debruça-se sobre átomos, moléculas, corpos e tecidos espaço-temporais. Conceitos que aplicam-se somente a esta existência e que não podem ser expandidos para os planos sutis. Acima do véu da matéria tudo opera sobre ela, no entanto, a capacidade humana necessária para puxar as energias sutis para o nosso plano, abaixo deste véu, de forma que sejam capazes de alterar forma e natureza, são avançadas a tal ponto que poucos foram os homens que provaram a existência desta capacidade (em geral, Avatares como Krishna, Jesus, Gautama Buda e outros Altos Iniciados que viveram neste mundo).

Isto não significa, no entanto, que a ciência ortodoxa nada tenha a fazer sobre isto. O seu local é acertado no mundo e sua entrega pela Providência não foi em vão. Seu avanço segue, em parte, o avanço da própria humanidade e prova-se, que quando o estudo é motivado pela Virtude (a mesma motivação do cientista oculto), seus frutos são tão poderosos quanto os frutos das Artes Superiores.

Não é de se espantar o tremendo potencial de modificação psicológica e social que é trazido pela descoberta, por exemplo, de uma cura para uma grande aflição. A natureza, em geral global, da ciência ortodoxa complementa a natureza, em geral individual e única, das ciências ocultas. No entanto, ambas são poderosos agentes modificadores da sociedade e podem, quando juntas (mas separadas) permitir uma visão tão ampla quanto possível humanamente.

São descobertas complementares, véus que se levantam nos dois caminhos. Lá, um novo avião reduz os custos do transporte de alimentos, favorecendo a chegada de mantimentos em regiões mais pobres. Do lado de cá, o desenvolvimento dos meios sutis permitem que o alimento espiritual chegue aos nossos Companheiros de Jornada.

Os perigos espreitam, obviamente, ambos os lados da Via Intelectual. Mas a sua natureza diferente nos permite que, ao tratá-las diferentemente, encontremos a igualdade entre suas naturezas. A ciência ortodoxa tem muito a aprender com a ciência oculta e talvez muitos de nós, cientistas ocultos, tenha miríades a aprender com o método científico tradicional.

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